As
crianças descem na noite a peça
para compor
o labor do dia
para fazer
a venda,
Os sacos
que pesam sobre o sono
são os
sonhos dos mulatos recobrados,
é a alma
que transcende da gente!
Há de se
admirar o povo
que é
homem mais que o homem e não simples
pois que
tudo se atraca em sua vida.
Em sua
vida tudo é tarde, por exemplo,
e o
exemplo que lhe cobra a tudo arde
arde a
jornada comprida.
As crianças
do gueto nunca dormem
sonham sonhos
sob sonhos
e os
sonhos são as sínteses que sobram
do silêncio
de uma imagem de quem dorme.
Os pretos
não comem.
Param o
ponto no expediente
pensam,
não pensam, padecem poentes
parecem pacatos
pobres, e o preto não come.
Simultaneamente
morre,
no
momento presente,
o ser
daquele que pulou longe
da encruzilhada
favela.
Lá, quem
vem na ginga é só quem morde
as rédeas
de zinco e ladeira
e passa
fome.
A moça
equilibrista guarda o morro
modela a
paz no canto
E as
crianças vivem melhor.
O suor da
preta escorre pela pedra
no rosto
que remoça o medo,
o escuro
manto,
a chuva
deixa densa relva...
No dia
de São Jorge a alegria!
ávido
nasce no côncavo o povo da favela,
o morro
acende as luzes e ascende
O samba!
O preto
larga suas chagas
a moça
pões a saia estampada
as crianças
sonham de brincar...
E
desafia-se intrépido a lua
que se
vai, na cadência da cintura,
em cordões
de estrelas cósmicas, pequenas:
Pequenas
aos olhos do morro!
A vivenda
da gente que não é simples
é torpor
e torpor e sorriso.
É o
santo que escala as pedras, sobe a viela e bate panelas
para alimentar
as bocas famintas.
É o ciso
que reclama o terno direito
que exclama no peito de Ogum, com clavas ocas,
pela saúde
do pretinho que dorme.