segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Girassol

Tão mais belo é o helianto
Em cabalístico haurir
Que, em seu hausto, tem turgir
Profundo: o apolíneo encanto!
            
Nasce matando meu pranto
E a tebaida insuportante
Levando as gotas adiante
No vapor do solar manto.
            
É dislaste algum desprezo
Pequenino a ti, ó flor
Recipiente da cor
Do brunir astral ensejo.
            
Ao estar em tua presença
Infinitamente bela,
Qual xantofila aquarela,
Já não sinto displicência...
            
Dos plácidos campos tenho
Os aromas pelo olhar,
Vísporas não podem dar
Magnífico engenho!
            
Me perdoe o solecismo,
Dama que meu peito unge,
É tua Dora alma que punge
Ermo som de meu sofismo.
            
Pois não encontro palavra
Para expor que adoraria
Soçobrar-me em tua Luzia
Como a hasta o peito crava.
            
Tu, que é vera opiparia,
Pétala em pluma dispersa,
A deusa Artemis reversa,
A centelha da alquimia!
            
Aviltar-se se poderia
Ao dispor prostrada plebe
Cujo rés falar coíbe
Grande brio que em ti se ergue?
            
Pois rosas nunca terão
Singeleza semelhante
Da musa que estou adiante,
E seus lábios favos são.

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