À penúria
vocês, malditos,
Que
foram forjando suas almas
Na chama
da falsidade!
Um
covarde como eu não poderia
Implantar-lhes
o órgão loreal.
Logo eu,
escravo livre
Que
consente a dor do povo,
Eu que
nunca desfiei meu pranto em teus colos
Não
preciso os suportar!
Em
minhas costas basta a melancolia
De
Carlos Drummond de Andrade.
O
inconformismo me visitou
E a
frieza de minhas garras,
As que
imploram a presa
Nesses
tempos famintos.
Nada
mais tenho:
Minha
infância diluída, vossa vontade por soçobros e amargura, o refutar do
Romantismo,
Só o
silêncio me apavora
E esse
espasmo libertino...
E eu,
que não sou eu nem Carlos Drummond de Andrade.
Duras
letras
Todas
passarão no corredor que oferta
As
alegrias, as tristezas;
Vai
ficar onde já está a militância morta.
Vai
ficar nos postos de saúde,
Brotar
no prato de comida do menino pobre
Que
passa em minha calçada.
Do homem
vão só passar desgraças e falsidades.
Do baú
oco se enferruja o tesouro,
E vai
passar o tanque de guerra.
Se à
noite cintilam poemas
Devem
não ser de poetas
Do
mundo, que me viu nascer no dia onze de maio de mil novecentos e noventa e
cinco,
Devem
não ser.
Reclamações
fluem ao decoro dos risos,
As
bandeiras repercutem pelos campos de sangue,
A terra
é negra e o homem passa contornando o corredor,
Passam
os mortos angustiados do paraíso
Nos
fragmento das selvas de concreto.
Cantaremos?
Ora, ao
que se vai e vai
Pulsando
por nós!
Eu finjo
e nada mais, e tudo sou e também cego,
Sou
massa e vivo da aorta
Não sou
nada aparentemente posto no busto de decomposição de Carlos Drummond de [Andrade.
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