segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Passe Livre I

Há tempos eu vi o prefeito
No pódio de sua eleição
Vira para as caras e encara
A face da população,
Nas boas novas da ascensão
Escarras sintaxe, escarra
Promessas de perfeição.
            
Um mês, foi um mês
E mais um
E outro depois,
Depois outro...
O mantra político escroto
Relevará fácil mais três!
            
Na morte sutil do mandato
Findou-se aquele hibernar
Desfilando,  tal como um santo,
Por entre o povo a esperar
Que ele intervenha assíduo
Na vida do indivíduo
Que já também vai a minguar.
            
O homem espera sorrindo
O outro, igual, para lutar,
Pois ele não quer desfrutar
Da vida desmilinguido;
O homem é o próprio Senado:
À toa, tolo e truncado,
Malandro que segue a corrente.
            
E o jovem é pleno doente
Perpétuo, tal como é o ente
Prefeito, inanimado.
            
Coitado do povo, coitado
Do resto da vida da gente...
Coitado do inconsequente
Cidadão do voto intrincado.
Coitado do povo inocente
Que era somente a semente
E tornou-se sedimentado.
            
O fim da história é um fado
Tocado entre as praias serenas,
Meu pai viveu com meus problemas
E eu sou do povo coitado,
Perdendo-me vou membro a membro
No prato que soma dezembro
Com risos do povo, coitado.


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